segunda-feira, 31 de março de 2008

WWW.PARLAMENTO.CV

Penso que já é altura de se actualizar o site do Parlamento. Continua lá o Código Eleitoral de 1999, sabendo-se que desde Junho do ano passado já se tem um novo. Evidentemente que quem quiser consultar este novo código pode recorrer à pagina da dgape (www.dgape.cv), mas de qualquer modo, o site oficial do parlamento devia ter o Código Eleitoral devidamente actualizado, pois na sua mensagem de Boas Vindas aos utilizadores do Site, o Presidente da Casa não podia ser mais explícito: “A Assembleia Nacional é o órgão representativo de todos os cabo-verdianos e, por isso, faço votos de que a abertura e a boa utilização desta página sirvam para aproximar o cidadão do Parlamento e aumentar a qualidade da representação política que lhe cabe.” A desactualização também é evidente em sessões como a Composição da Mesa e Actividade Parlamentar.

Provavelmente o novo Site da Instituiçao deve estar na fila de espera do NOSI.Contudo, uma instituição como o Parlamento dum país com sistema parlamentar (seja ele mitigado, mastigado ou outra adjectivação qualquer...) devia estar entre os primeiros...

terça-feira, 18 de março de 2008

Coisas da Capital

Bagdad

Depois da Tchetchénia, agora é a vez de Bagdad. Assim se chama uma rua do bairro da Ponta d’Água, fruto de regulares situações de violência que por aí se verificam. Essa “moda” de dar nomes a certos bairros ou ruas parece passar a ideia de institucionalização da violência em certas comunidades, onde as autoridades de reposição da ordem são por vezes recebidas com hostilidade, gerando contra-reacções que por vezes acabam mal.

Mercado do Paiol

Tem passado sistematicamente o anúncio da conclusão do mercado do Paiol, um dos bairros mais antigos da Capital, e da solicitação às vendedeiras locais para se dirigirem para lá. Há uma fartura de exemplos de grande dificuldades, pelo menos na Praia, de convencer as vendedeiras a se instalarem nos mercados e abandonarem espaços impróprios, mas que para elas constituem pontos estratégicos. O pior é que o próprio consumidor, que devia ter um papel preponderante nessa mudança de consciência, não costuma colaborar, reforçando a tese das vendedeiras: “Nu ta bai pa mercado, és ta continua ta bem kumpra li”.

Inaugurações

No passado fim de semana foi uma correria nos 22 cantos do país para concluir e inaugurar obras. Diz-se até que em muitas partes era “um ta ká raboka, kel otu ta bem logo si trás pa pinta”

segunda-feira, 10 de março de 2008

O País Canguru

Sim, penso que somos! O nosso país acostumou-nos a saltos, com derrapagens e escorregadelas à mistura, é certo, mas temos vindo a saltar (quase sempre a subir, diria o primo do Zé Lovi, o Ku Duru.) Começámos pelos Índices de Desenvolvimento Humano, em que, aos pulinhos, fomos subindo a nossa marca, até conseguirmos o grande salto, o nosso maior recorde. E o novo desafio parece despontar no Horizonte: experimentar uma nova categoria, agora com a entrada na OMC, que é a melhoria da produtividade: será que vamos estabelecer boas marcas neste capítulo?

Se tal acontecesse, penso que estaríamos em condições de fazer bonito naquela Grande Competição de 2015. Espero que o Nelson Évora sirva de inspiração para que possamos fazer um grande triplo salto: UM...(maior crescimento económico com mais produção e melhor produtividade), DOIS...(mais desenvolvimento humano), TRÊS (Mais Famílias fora da Pobreza Absoluta) nos Jogos Olímpicos de 2015 organizados pelos ODM (Objectivos de Desenvolvimento do Milénio)!

Até lá.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O Voto Inútil

Assim costuma ser comummente apelidado o voto atribuído a alguma agremiação política ou candidato que, a priori, não apresenta grandes chances de alcançar a vitoria eleitoral. Normalmente isto acontece em relação aos candidatos que não têm suporte partidário forte, mas que se costumam ver-se no meio dessa “briga de cachorro grande”. Nas situações em que há uma luta renhida pelos votos do eleitor entre os candidatos dos partidos mais fortes, uma das estratégias que estes usam é o apelo ao voto útil. É muito comum ouvir “Bu sta bá vota na kel kandidatu indeperdenti la??! Dja bu sabi ma ê ka tem xansi. KA BU STRAGA BU VOTU”

Um acto que deveria ser um exercício de cidadania é transformado em algo instrumental. Na verdade, o voto é um fim em si mesmo, isto é, independentemente do candidato ou da agremiação ganhar ou não, o facto de votar em consciência encerra já em si um valor, o da cidadania. Mas os defensores da política terra-terra, independentemente da cor política, acham que isto é conversa para boi hibernar e que o voto deve ser adjectivado sim, nem que para isso entrem pelo meio verguinhas, cimentos, garrafas de grogue, feijoadas, etc..

No entanto (ainda bem que assim é), este tipo de instrumentalização não é nem de perto nem de longe comparável, por exemplo, ao que deu origem àquela piada italiana de chamar a sigla do Partido Nacional Fascista – o PNF – de “Per Necessità Familiare”, numa clara alusão ao carácter clientelista do voto na Itália dos anos 20.

terça-feira, 4 de março de 2008

"Independentismo" Político – Decifrando Códigos

Com o aproximar de mais um pleito eleitoral, e por ser as autárquicas, começam a despontar alguns grupos de cidadãos dispostos a constituir lista e concorrer em alguns pontos do país sob o rótulo de independentes.

É também muito comum também ouvir cidadãos que se auto denominam de independentes, pela simples razão de não serem militantes de nenhum partido, isto é, ser independente para eles é ter ligação efectiva a um partido político (ter cartão de militante), independentemente (passe a expressão) da ligação afectiva a uma organização com esse cariz.

As ambiguidades em torno desta noção, pelo menos do ponto de vista político-partidário, criaram uma certa desconfiança em relação aos que se consideram na condição de não pertença efectiva a um partido político, havendo por vezes certas reacções sarcásticas ou irónicas, como é o caso de um candidato independente às autárquicas de Maio próximo que foi taxado de “candidato Mpendente”. Mas também não é para menos, há vários casos de grupos que se denominam independentes, mas que na prática têm uma ligação indisfarçável com alguma força partidária.

Algumas variantes que ganharam independência em relação á mãe “Independente”, começam a despontar, pelo que merecem alguma descodificação: os In...Dependentes, ou seja, os que dependem de estar... In, estar dentro do sistema e abocanhar as oportunidades, tendo mais mérito via connection do que via outras habilidades, e que para tal passam um tempo na sombra à espera da poeira assentar; os Pendentes, isto é, os que pendem para onde a probabilidade de estar In se apresentar maior.

Mas há um grupo especial que não desarma e que insiste em não ter ligação – nem afectiva nem afectiva – com partido algum e que não se importa em acumular derrotas eleitorais, fazendo da participação nas eleições autárquicas um exercício e um compromisso cívicos, é o dos INDEPERDENTES. Não pendem para lado nenhum... perdem em todo o lado...