segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

2008: Alguns Desejos do Djaroz

Foto: www.pbase.com/jmcrosa/belmfogo_de_artifcio

Porque sonhar é preciso, o Djaroz tem alguns desejos básicos, para mais e para menos.

Para Mais

  • Mais união entre os artistas nacionais
  • Mais eventos culturais na capital do país
  • Mais membros na Blogosfera Nacional
  • Mais cultura e sociedade na Televisão Nacional

Para Menos

  • Menos Kaçubodis (o ideal seria nenhum!)
  • Menos Cortes de Energia Eléctrica (idem)
  • Menos politiquices na Assembleia Nacional (idem)

BOAS ENTRADAS A TODOS!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

"Têris ê ka Pêxi..."

Como estamos em tempo de festa e de alegria, hoje vou deixar-vos com uma interpretação minha (voz e violão) de uma música que eu adoro: o Têris ê ka Pêxi pa Xinti Txêru do Zézé di Nha Reinalda, que faz parte do seu Album Onti y Oji (1988).

Cliquem aqui e divirtam-se com esta música vibrante.

PS: Para quem não entende a variante de Santiago, Têris quer dizer "Posse; riqueza"

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

CD: O Valor da Capa

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Stieve Andrade: - Lutchy, kuzé ki bu tem pa fla pa kenha ki kopia-u es bu novo CD?

Mário Lúcio: - Ta fika ta falta kapa!

Programa Secção da Música – Rádio Comercial (Novembro 2007)

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Para muita gente, a capa de um CD é uma mera embalagem. No entanto, valorizar a capa de um CD significa conferir à música um valor que transcende o seu carácter puramente fonológico. Uma capa que se preze contém todas as informações sobre os homens e as mulheres que concorreram para a elaboração da respectiva obra.

Além disso, uma capa séria tem informações fidedignas sobre as músicas: o autor, o compositor, o intérprete, os instrumentistas, os arranjadores, etc. Isto permite evitar equívocos como “Kuzas di Korasson” de Ildo Lobo; “Lua” di Mayra Andrade; “Ma mbá des bes kumida da” di Lura; “Miss Perfumado” de Cesária Évora, etc, etc, etc,…

Um CD sem capa (por outras palavras, copiado), ou com uma capa pobre, é um CD sem alma. Um CD “sem” capa será, muitas vezes, só som, pois até as mensagens contidas nas canções podem não ser correctamente compreendidas, seja por problemas de dicção do intérprete seja por percepção errada de quem ouve.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Vale a Pena Ler de Novo!

A Blogosfera nacional tem muitos posts arquivados que merecem releitura. Hoje, vou destacar quatro:

1.Mudança de Cenário, de Chissana Magalhães (sopafla)

Em Setembro de 2004, Chissana Magalhães anunciava o seu regresso ao país. É interessante conferir, na altura, o seu primeiro olhar sobre as ilhas "fantásticas", após 3 anos de ausência.

2.Paz, de Amílcar Aristides - Tide (Pedrabika)

Em Abril de 2005, Tide fazia uma reflexão muito actual sobre a questão da segurança pública. Dê uma olhada novamente, vale a pena!

3.Ba....lanço e Ultimo de 2006, de Djinho Barbosa (sondisantiagu)

No final de 2006, Djinho Barbosa fazia o balanço cultural do ano que então terminava. Importa conferir o que ele disse nessa altura (o homem estava inspirado!).

4.Depoimento, de Paulino Dias (blogdopaulino)

Em Outubro deste ano, Paulino Dias fazia um depoimento relativo a um acto efectivo de cidadania, que deve servir de exemplo para todos nós. Aprecie novamente este post super especial.

Valeu ou não a pena?

Blogosfera: Qual a utilidade dos Debates Virtuais?

Tem havido um esforço por parte de alguns blogueiros de fomentar o debate à volta de temas do nosso quotidiano. O mais recente caso está ligado à violência urbana, muito bem orquestrado por Tide (Obikuelu - Pedrabika) e Cia.

Muitos podem perguntar: qual resultados pode-se obter pela via do debate virtual?

Antes de mais, não se trata necessariamente de uma questão de obter resultados, pois os actos de cidadania valem por si só, isto é, o facto de já haver debate significa muita coisa, independentemente do alcance ou não dos fins que ela persegue: se há debate é porque há participação das pessoas.

Em segundo lugar, a participação das pessoas mostra também que está-se a perder a inibição (ou o medo até) de se comprometer pela via da escrita, que pode ter implicações maiores do que um simples mandar bocas.

Há ainda uma terceira implicação importante a salientar: quem participa num verdadeiro debate sente-se motivado a questionar e a pesquisar, de modo a contribuir de forma efectiva na sua construção. Trata-se, na verdade, de um processo que envolve aprendizagem, aprofundamento de conhecimento e troca de experiências, informações e habilidades (skills).

Claro está que o raio de acção e o nível de impacto dos debates virtuais na (ou da) blogosfera é, por ora, bastante limitado, em face do alto grau de exclusão virtual que nós temos. De qualquer modo, como se costuma dizer, é caminhando que se faz o caminho, e eu sou bastante optimista quanto ao papel que, num futuro não muito longínquo, os espaços de debate virtuais terão na formação da opinião pública e na capacidade de influência na tomada de decisões de interesse público.

domingo, 16 de dezembro de 2007

A "Bundalização" do Batuco

Há dias, vi uma pequena actuação, ao vivo e a cores, de um famoso grupo jovem de batucadeiras que me lembrou muito o grupo “É o Tchan” do Brasil. A única diferença é que as moças que dançavam - ou melhor, rebolavam -, tinham a sulada e a saia gaita gaita em vez de Kolam ou Mats.

Indo por estes caminhos, chegará o dia em que a txabeta e o canto serão puro adorno.

Estou de Volta, São e Salvo!

Estou de volta à minha Praia Maria, após alguns dias por terras senegalesas.

Por falar em Senegal, não foi com espanto que recebi o artigo do Radar do Ultimo A Semana sobre o que a Miss Cabo Verde, coroada como Primeira-dama de Honor no recente concurso Miss CEDEAO, passou por lá. É que, normalmente, estas viagens ao Continente acabam se transformando em autênticas aventuras, muitas vezes com protagonistas recorrentes: TACV ou Air Senegal.

Por acaso, desta feita, fui beneficiado por aquilo que estas companhias (a Air Senegal neste caso) sabem fazer de melhor nesta rota: atrasos de voo. Se não fosse por isso, não chegaria a tempo de pegar o avião para Praia, após ter passado quatro horas na estrada a fazer o trajecto Sally Portudal (região turística de Senegal) – Aeroporto Leopold Senghor, muito por culpa de um tráfego rodoviário intenso, muito comum, segundo os locais, às sextas feiras, dia particular para os muçulmanos.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Duas Dicas

Dica 1

A Primeira dica refere-se aos artigos sobre "Melhores Práticas" da "Desafios", uma revista mensal de informações do IPEA (Instituto de Pesquisa Económica Aplicada - Brasil) e do PNUD. São vários exemplos de experiências que deram certo nos mais variados domínios. Talvez algum tenha a ver com o seu interesse. Veja aqui

Dica 2

Já que um dos assuntos quentes do momento na blogosfera é a violência urbana, deixo o link da página do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo. Há lá teses, relatórios, resenhas, artigos, papers, capítulos de livros, etc..., sobre a experiência brasileira de lidar com o assunto. Veja aqui.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Vinte (20) anos de Edições de "Superinteressante" Grátis!!!


"20 anos de Super
A Superinteressante oferece todo o seu acervo de textos gratuitamente! São mais de 12 mil páginas com as matérias de capa e algumas das seções que construíram a história da revista. Em breve, todos os especiais, o restante das seções e o conteúdo integral das edições em 2005 e 2006 também estarão disponíveis. Só mesmo uma revista tão Super poderia fazer isso!"

Editora Abril

A revista Superinteressante (chamada popularmente de "Super"),ou Super Interessante no Brasil, é uma revista de curiosidades culturais e científicas, publicada mensalmente no Brasil pela Editora Abril desde Setembro de 1987
(Wikipedia)


Tenham acesso ao super arquivo da Revista através deste
Link da editora.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Do "Djunta Mon" ao "Connection"

Numa deslocação ao interior da ilha de Santiago, numa delegação de serviço, houve alguém que, ao ver uma pedra grande no meio da estrada, comentou que, em outros tempos, a população tê-la-ia já voluntariamente removido. Uma outra pessoa lembrou, no entanto, que, como as Câmaras Municipais pagam, a população vê o trabalho de desobstrução das estradas como uma fonte de rendimento.

Apesar de algumas mudanças no meio rural, não há dúvida, no entanto, que a mercantilização das relações sociais é um fenómeno marcante da nossa vida urbana e que tem provocado mudanças na natureza e âmbito do nosso capital social.

Por um lado, o capital social estrutural, caracterizado por situações de participação voluntária em acções colectivas com fins públicos (plantação de árvores, campanhas de limpeza, etc) ou privados (a ajuda na colocação da cobertura de laje nas casas – vulgo Betom), e que costumamos chamar de Djunta Mon, está progressivamente a ceder o lugar a um capital social cognitivo, isto é, o conjunto das relações ou contactos que um indivíduo possui em posições-chave e que lhe dá vantagens competitivas na luta por oportunidades criadas pelo crescimento económico. É o chamado Connection. Os fins são mais privados do que públicos e o seu âmbito restringe-se aos interesses do indivíduo em questão.

Por outro, o próprio capital social estrutural está a mudar de natureza. A vertente positiva conhecida por Djunta Mon passou a ter a companhia da vertente negativa dos Thugs, que são grupos que partilham certos valores (confiança interpessoal), normas e atitudes, mas com fins danosos para a sociedade.

São mudanças que merecem muita reflexão e acção, pois o capital social positivo tem sido considerado como um factor determinante do desenvolvimento das sociedades.

Quem quiser saber mais sobre as vertentes operacional e conceptual do capital social, seguem alguns links úteis.

Documentos tirados da Internet

Capital Social e Confiança: questões de teoria e método

Confiança Interpessoal e Comportamento Político

Capital Social e Democracia na América Latina: Análise Comparativa

Capital Social e Empreendedorismo


Sites Específicos (Capital Social e Desenvolvimento)

Social Capital Initiative (Banco Mundial) (em Inglês)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A verdadeira Força do Batuco Convencional

Foto: site do Olav Aalberg (http://home.no/tabanka)

Devo confessar que não sou dos mais entusiastas do Batuco convencional (aquele do canto, txabeta e torno). No entanto, deve reconhecer que caiu-me bem nos ouvidos o último trabalho do Grupo Terrero dos Órgãos, capitaneado pela Neusa Xubenga. Durante a apresentação do álbum, para não variar, no Programa do Stieve Andrade, ouvi duas músicas agradáveis: “Casamento” e “ Minina” (esta tem uma estrutura harmónica interessante que me lembra muito “Djokin Baru” de Xandu Graciosa).

De qualquer forma, penso que a grande força do Batuco convencional é o seu papel de integração e afirmação social das mulheres do interior da ilha de Santiago e das zonas sub-urbanas (ou rurbanas, se quiserem) da Cidade da Praia. Basta ver o perfil da pobreza em Cabo Verde para entender porquê: mulher, chefe de família, com baixo nível de instrução e que vive no meio rural.

Muitas mulheres (não todas!) que fazem parte desses grupos se encaixam neste perfil, e o batuco tem lhes permitido conquistar espaços e se afirmarem, coisa que, de outro modo, seria bastante improvável.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

PROPOSTA: PROGRAMA DE ARQUIVOS VOLTADO PARA A MÚSICA

Ontem, antes do início do Programa Grande Salto, pude rever com satisfação uma peça de uma tocatina de há alguns anos protagonizada por Humbertona, Nhelas Spencer, Betú, Quim Bettencourt e Body, assim como uma outra em que havia o Caloiro a cantar, na companhia de Ulysses Santos e Aurélio.

Acho que seria interessante engrossar a magra lista de programações da casa com um programa musical feito à base dos arquivos para podermos nos deliciar com tocatinas, actuações de artistas conhecidos nos festivais todo o mundo canta ou espectáculos feitos na Assembleia Nacional de há alguns anos.

É bom recordar que uma das grandes vantagens da TCV em relação às demais televisões de carácter nacional são os arquivos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Palmas para o SNPC!!

Antes de mais, pela forma como o reabilitaram o antigo Aeroporto da Praia. Em segundo lugar, pelo empenho na organização do Atelier de Lançamento da Plataforma Nacional de Prevenção de Riscos de Catástrofes (27 e 28 de Novembro).

Por falar neste atelier, particularmente nos trabalhos de grupo, foi muito bom ter a sensação de que nós, simples mortais, estávamos no mesmo patamar que os nossos autarcas que, diga-se de passagem, contrariamente ao que é hábito, não nos brindaram com o ininterrupto entra e sai da sala, de telemóvel colado ao ouvido. Mostraram-se interessados no assunto e participaram, de facto. (Também pudera! Depois do 11 de Setembro, segurança virou tema que mobiliza recursos, e os nosso autarcas, que de bobo não têm nada, sabem disso melhor do que ninguém).

Importa também destacar as apresentações temáticas e o interesse manifestado pelos participantes. Palmas para o Serviço Nacional de Protecção Civil. Valeu!!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Super Interessante!

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“Há alguns anos, o fotógrafo Peter Menzel decidiu viajar pelo mundo e fotografar 30 famílias de 24 países de todo o mundo. A ideia era fotografar às famílias juntamente com a comida que iriam consumir naquela semana e avaliar o gasto em dólares por cada família nesse período. O livro se chama Hungry Planet (foto) e surpreende pela qualidade da foto e pela diferença entre um país e outro.

Vejam as fotos e distingam os produtos, o número de pessoas de cada famílias e o que consomem... É muito interessante”

(adaptação do texto do Primeiro Slide, em espanhol)

Faça o download do Slideshow (tamanho : 2, 136 mb) contendo as fotos das famílias, a partir deste link

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Cultura Levada Muito a Sério

Curtam os artigos muito interessantes do Projecto Cultura Livre (Brasil). Notem a seriedade com que são tratadas diversas questões ligadas à cultura (propriedade intelectual, industria cultural, etc,etc).

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O “Outro” Casimiro de Pina

Amado por uns e odiado por outros, Casimiro de Pina é uma figura incontornável do nosso quotidiano mediático. Os seus artigos, normalmente feitos com base em sustentações teóricas muito sofisticadas e cujo conteúdo tem um indesmentível cunho político-partidário, têm suscitado as mais diversas reacções, desde a admiração e o respeito até ao desprezo e à repugnância.

Mas hoje eu quero falar do Casimiro, aliás do Nhonhas, enquanto músico. Trata-se de um guitarrista muito virtuoso, com sólidos conhecimentos de harmonização e de escala e com quem aprendi muito, sobretudo, quando costumávamos fazer sessões de toques aos fins de semana.

Já nos tempos de liceu entendia do assunto. Lembro-me de, numa ocasião, ter passado, juntamente com mais dois colegas, mais de uma hora à espera, impacientemente, que o Nhonhas “pegasse” uma sessão de solo de uma música chamada Não Sou o Único de um grupo português cujo nome agora não me ocorre.

Pois é, aqueles dedos não são bons apenas de pena. Como tratam bem uma guitarra!!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

COISAS BOAS DA NOSSA TELEVISÃO NACIONAL

Sim, é isso mesmo. Hoje vou falar de coisas boas da nossa televisão.

No “Pulsar Informativo” (coisa boa da nossa RCV) de algumas semanas atrás, o correspondente de São Nicolau, Fernando Santos, falou da satisfação das comunidades de certas zonas da ilha em voltar a ter a oportunidade de ver a TCV.

Essa gente tem razão para regozijar-se: antes de mais, podem ver o Telejornal e as notícias nossas, mesmo que sejam mais da Sociedade Política (membros do governo local e central, dos partidos, do parlamento, ….) do que da sociedade civil.

Em segundo lugar, a TCV vai ser útil em muitos jogos da Champions League não transmitidos pelos outros canais.

Mas há ainda uma terceira razão para falar bem da nossa televisão e que nos lembra o velho ditado envolvendo Maomé e a Montanha: já que a televisão não vai ao povo, este pode arranjar um jeito de chegar à TCV com as suas reclamações, reivindicações, protestos, etc. É claro que para as gentes de São Nicolau isso não pode ocorrer com a mesma frequência que para as de Santiago ou de São Vicente, mas ao menos agora quando tiverem oportunidade de utilizar a TCV para exercerem cidadania podem ver-se a si próprios; podem ter a certeza que tiveram vez e voz; podem, ao menos regozijar-se com o simples facto de aparecerem na televisão, independentemente da sua reclamação ou reinvindicação ter efeito ou não.

OLHA SÓ QUEM FALA!!



Essa é boa!

No último CD/DVD Live dos Ferro Gaita, Beto Dias, um dos convidados desse grupo, ao começar uma das canções na qual participa, disse que a música feita pelos Ferro Gaita é verdadeiramente nossa, contrariamente ao que tem sido feito por muitos artistas nossos que rotulam de cabo-verdiano o que é do Continente Africano e que não tem nada a ver connosco.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Pobreza de Espírito

É unanimidade que a luta contra a pobreza no país passa necessariamente pela mudança da mentalidade assistencialista de uma boa parte da nossa população e a implantação e consolidação de um espírito empreendedor.

Ora, parece ser mais fácil uma vaca sair por aí a voar do que haver essa transformação. No mês passado, precisamente no Dia Internacional da Erradicação da Pobreza (17 de Outubro), num encontro comemorativo da efeméride, um técnico de uma ONG referiu-se à resistência de muitas famílias em ter acesso a micro-crédito por receio de melhorar a sua própria condição e perder assim os apoios institucionais (isto faz lembrar um pouco o medo mais global do país de sair da lista dos PMAs, mas isto são contas de outro rosário). O mesmo técnico, ao citar situações concretas ligadas à ONG à qual pertence, disse: “Txeu bês, nu tem ki lixonxa famílias pa toma micro-crédito”.

Mudar esse espírito vai dar que fazer!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Proposta (ou será Sonho?): Um Grande Espectáculo por Mês, na Capital do País da Música

Lá fora, Cabo Verde é conhecido, sobretudo, como país da música. Há tempos, num artigo publicado no Jornal A Semana, Baluka Brazão , como tantos outros já o tinham feito no passado recente, lamentava, e com razão, o facto de na capital do país da música haver tão poucos espaços onde se possa escutar música ao vivo.

A meu ver, o que falta é fazer coisas visíveis e com alguma continuidade. Que tal um grande espectáculo de música por mês no Auditório Nacional durante um ano e com um artista ou grupo diferente de cada vez? Imaginem uma parceria público-privado que ponha em pé um projecto impulsionado pelo objectivo de mostrar que, inequivocamente, se está na capital do país da música. Doze vezes por ano, músicos nossos, residentes e na diáspora, subiriam ao palco do Auditório Nacional para mostrar que não se vendeu gato por lebre e que se está, de facto, na capital do país da música.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mário Lúcio e a Coincidência: Diogo e Cabral


Mário Lúcio Sousa acaba de lançar o seu novo Álbum (Badyo). Confesso que ainda não o ouvi na íntegra e espero poder fazê-lo em breve.

Sábado passado, no “Secção da Música” do Stevie Andrade (Rádio Comercial), este artista chegou a tempo de aguçar o apetite dos ouvintes para a próxima edição do programa, e o Stevie não resistiu a lhe pedir que fizesse referência à coincidência que o artista retrata no seu álbum.

Mário Lúcio disse que observou que a estátua do Diogo Gomes está ao lado da Presidência da República, e com a cara na direcção da Assembleia Nacional, ao passo que a de Amílcar Cabral está lá em baixo no Taiti e com a cara voltada para o Cemitério. Evidentemente que ele tratou de desmistificar esse facto, realçando que, às vezes, devemos brincar um pouco com as coisas sérias da vida.

No entanto, penso que este álbum, chegando no momento de abertura de mais um ano político, que tem a particularidade de ser eleitoral, pode dar o mote para a troca de farpas entre os nossos partidos políticos de maior expressão. Para já, basta pensar um pouco acerca do contexto no qual surgiram as duas estátuas para que se tenha matéria suficiente para a troca de galhardetes que, por sinal , já começou, embora timidamente, com as nossas maiores forças políticas a usar o telejornal da TCV para fazer o balanço da governação local, sendo que aquela argumentação batida só depende do lado que se está, situação ou oposição.

Voltando ao Mar_luz e seu Badyo, depois desta da coincidência, fiquei ainda mais curioso para ouvir a apresentação do álbum no programa do Stieve do próximo sábado e ver até que ponto este nosso artista peculiar está ou não a querer cutucar a(s) onça(s) com vara curta .


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Proposta: Base de Dados dos Artistas

Fiquei deveras admirado ao ver o empenhado levantamento dos instrumentistas (ou “tocadores”, como queiram) feito pelo Manuel de Jesus Tavares no seu “Aspectos Evolutivos da Música Cabo-Verdiana”. Isso fez-me lembrar também da iniciativa interessante do Djinho Barbosa de elencar os músicos da ilha de Santiago no seu oportuno blog Son di Santiagu. Ideias dessa natureza deveriam ganhar maior abrangência e um carácter institucional.

Talvez fosse interessante o departamento governamental responsável pela Cultura pensar na possibilidade de constituir um banco de dados dos artistas residentes (músicos, pintores, escultores, actores, etc, etc), alimentado com dados pessoais, morada, contactos e curriculum artístico. Não sei se já houve tentativas desse género e quais os seus resultados, mas acredito que seja materializável. Os grandes desafios para a sua criação seriam: a) canalizar recursos orçamentais para a campanha de informação sobre a iniciativa e a sensibilização dos artistas para aderirem, assim como recursos para a montagem e gestão da base de dados b) definir critérios justos e transparentes para selecção dos artistas que devem ser incluídos na base de dados (não seria certamente chegar lá e bater na porta para logo ver-se admitido). Naturalmente que todas as propostas deveriam ser objecto de um debate participativo para garantir a sua legitimidade.

Penso que a base seria útil pelos seguintes motivos: por um lado, facilitaria a acesso aos artistas por parte de promotores de espectáculos, de donos de estabelecimentos de entretenimento, de entidades governamentais e de órgãos da comunicação social. Por outro, contribuiria para um maior intercâmbio entre os artistas, pois seria só ir à instituição que gere a base de dados ter as referências do artistas que se quer contactar, e pronto. Como seria interessante poder ter uma lista mensal dos artistas aniversariantes para que alguns não fiquem despercebidos e possam ser estimulados a participar em programas radiofónicos, televisivos ou então dar entrevistas para jornais!

Provavelmente, alguém questionará se essa iniciativa não deveria partir da Sociedade Civil. Ora, se fosse possível, seria muito mais interessante ainda. No entanto, devemos lembrar que o espírito associativo dos nossos artistas é travado por clivagens de vária ordem. Antes de mais, a própria diversidade de manifestações artísticas funciona como um entrave intra e inter-grupos. Para além disso, o regionalismo ( como, por exemplo, barlavento/sotavento ou meio urbano/ meio rural); as opções político-partidárias; o conflito de gerações e as diferenças sócio-económicas fazem com que os artistas estejam mais propensos à divisão do que à união.

Voltando à base, eu diria que poderia funcionar na lógica de uma maior motivação dos nossos artistas, para rompermos definitivamente com aquele sentimento de que, em termos de cultura, tendemos a valorizar muito mais o produto da criação do que o criador.

Direito de Autor Respeitado

Na passada terça feira fui chamado pela Harmonia para assinar a papelada referente aos direitos de co-autoria da Música Lingua Preto do novo CD do Tcheka, Lonji. Apreciei a forma séria como essa organização e o próprio Tcheka trataram o assunto, pondo fim a uma questão que surgira na sequência de um problema de comunicação.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Nova Batalha: Comida versus Biocombustível


Segundo o Relatório do Banco Mundial sobre o Desenvolvimento (2008), dedicado ao papel da Agricultura para o Desenvolvimento, “a quantidade de grãos exigida para abastecer o tanque de um carro utilitário pode alimentar uma pessoa por um ano. A competição entre comida e combustível é real”.
Quem quiser ir mais a fundo nos contornos que este assunto está a tomar a nível mundial, veja o link do download da Visão Geral do documento disponibilizada em português pelo site do Banco Mundial


Relatorio BM 2008 Visão Geral

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Lembranças Musicadas de Uma Praia Rurbana


Achei curioso o facto do Baluka, no Kriolidadi da última edição do Jornal A Semana (imagem ao lado), ter aberto o seu artigo acerca do CD Lonji com uma referência a Língua Preto - cuja letra é da minha autoria, com alguns retoques do Tcheka, contrariamente ao que rezam o CD promocional e alguns artigos de jornal – como sendo uma música que lhe faz recuar ao seu tempo de infância em Assomada. A dada altura, Baluka escreve: “Durante toda a sua meninez, Tcheka viveu longe dos centros urbanos do seu próprio país, Cabo Verde, que nem sequer existiam na realidade.”.

A parte que eu destaquei nessa frase é muito interessante, pois praticamente responde à seguinte questão: como poderia alguém como eu, que viveu toda a sua infância e adolescência numa zona suburbana da Praia (Terra Branca, no caso) pudesse ter a legitimidade de fazer alguém viajar, por meio de uma letra de música, a vivências rurais do interior da Ilha de Santiago?

Sem entrar em muitos detalhes, o processo do povoamento de zonas como Terra Branca Baixo ou Tira Chapéu, para não citar outras, está intimamente ligado, sobretudo, ao êxodo rural e à imigração de gente de outras ilhas. Consequentemente, acabou por se verificar, em certa medida, uma reprodução das relações sociais do campo traduzida em coisas que hoje fazem parte do nosso imaginário, como por exemplo, as cabras e porcos criados nos terraços, que me inspiraram, aliás, a fazer uma música chamada Karru Sekretariadu, em alusão a toda aquela correria desesperada para pôr dentro de casa os animais soltos, antes que fossem apanhados pelo carro do Secretariado Administrativo da Praia (correspondente à Câmara Municipal nos dias de hoje), o que era, de resto, uma tentativa clara de romper com hábitos e costumes que não se coadunavam com a vida no meio urbano.

Outro aspecto marcante daquela vivência eram as relações de vizinhança, do Djunta mon, enfim, do chamado Capital Social Positivo. Lembro-me, por exemplo, da festa de Betom que, de tempos em tempos, juntava amigos, vizinhos, familiares para a colocação de cobertura da casa com massa de brita, areia e cimento, e na qual não faltava os indispensáveis feijão pedra e grogu. Como devem calcular, acabei inevitavelmente por fazer uma música a respeito de título Festa Betom.

Enfim, isto tudo para dizer que eu não precisava ir ao interior da ilha de Santiago para que pudesse estar legitimado ou “autorizado” a reproduzir algo do imaginário colectivo como a estória das fiticeras. Isto fazia parte do quotidiano do meu mundo suburbano, peri-urbano ou rurbano! Reconheço, no entanto, que eu não teria a mesma legitimidade em retratar vivências que envolvem “poial”, “cutelo” ou trabalho da terra (“monda”, “korta”,...), por uma razão muito simples: são elementos ligados ao meio rural enquanto espaço físico.

Por outras palavras, , nós que crescemos na Praia suburbana dos anos 80 não estamos necessariamente condenados a bater perna até ao interior para fazer rakodja de modo a criar música terra terra. É só irmos à memória (re)buscar vivências daqueles tempos e recuperar muita coisa interessante à espera da sua vez de sair cá para fora e fazer muita gente reviver o seu passado e suas raízes, seja do meio rural seja do meio suburbano.

Bem, e agora para finalizar, aproveito a ocasião para colocar na integra a letra da Música Língua Preto, pois o Tcheka abdicou de partes da letra na versão que adaptou para o CD, para que possamos fazer juntos essa viagem à estória sobre Nha Bedja Fiticera:

Língua Preto
(Djoy Amado)

(estória da mulher preocupada em proteger o seu filho, desde a gestação à maioridade, das garras da sua vizinha alegadamente feiticeira)

Lingua preto,
Rabo kumpridu ki ta cendi
Konchedu tambe pa boka fédi
Ta bira gatu pretu di madrugada

Fladu fla
M’ê kumi Pedrinho di Nha Amélia
Ê pôl ku korpu só kocerinha
Ê n-gabal kabelu ti npintxu sai



Ontonti ê pidi-m águ
n-da’l y n-borka’l kaneka,
ê fika ta tuntunhi
ê kaba pa pidi pa n-dexa’l bai

Nha fidju ê ka ta kumi
Nha fidju ê ka ta nguli
Dja n-toma pruvidência,
n-ka ta nsoda nau:



fumador d’arruda tres bes pa simana
ádju prindadu tras di porta
baboza na lata la kintal
sal spadjadu riba kaza

n-deta kuel séti dia kantu ki ê nasci
n-pôl guarda maradu na cintura
n-ta salta’l tres bez di vez em kuandu
n-po’l ta prendi fazi fisga kanhota

sábado, 10 de novembro de 2007

Isto é que é Notícia!

Basta dizer que, de 6 em 6 segundos, uma criança morre de desnutrição do mundo para considerar que isto é que é realmente uma boa notícia. Trata-se do Plumpy Nut, uma pasta açucarada de amendoim enriquecida com vitaminas e minerais que tem estado a salvar a vida de muitas crianças em várias partes do mundo, ao ponto de muitos considerarem que está-se perante uma revolução na luta contra a desnutrição infantil. Além disso, esse produto tem sido também usado para melhorar a condição sanitária e nutricional de doentes do HIV e da SIDA.

Em baixo, alguns links de artigos acerca dessa boa notícia.

MOÇAMBIQUE: Plumpy´Nut, o remédio de docinho contra a desnutrição

Plumpy (blog vantagem comparativa)

A "Arquipelaguização" do Funaná

“Da música circunscrita aos meios rurais, o Funaná transformou-se numa das maiores conquistas no domínio da música, no Pós-Independência de Cabo Verde. (…)”

Carlos Gonçalves, Kab Verd Band, pag 71.

“Antes confinado unicamente ao mundo rural, o funaná é o género musical cabo-verdiano que maior evolução alcançou nos últimos vinte anos.”

Manuel de Jesus Tavares, Aspectos Evolutivos da Música Cabo-Verdiana, pag. 34.




O Funaná praializou-se nos anos 80 e, nos últimos anos, tem estado a arquipelaguizar-se e a diasporizar-se. Há vários exemplos dessa expansão do fenómeno funaná, que curiosamente não só a ver com gentes de Barlavento, ou da ilha do Fogo ou da Brava a escutarem, por exemplo, os Ferro Gaita. Está também ligada ao facto de artistas que não são da ilha de Santiago (ou badius, se preferirem) passarem a fazer criações baseadas nesse género musical.

O facto que ultimamente mais me chamou atenção tem a ver com a Música Pedra do CD da Gabriela Mendes. Até onde eu sei, esta música é um funaná lento (se não for, que alguém me explique porquê), cuja letra é do Vasco Martins, portanto, um integrante da mainstream musical de São Vicente, os arranjos foram feitos pelo Hernâni, outro nome sonante da mesma ilha, com interpretação vocal da Gabriela Mendes, que não tenho a certeza que seja da mesma ilha, mas que certamente é também de Barlavento.

Como podem reparar, trata-se de um funaná lento eminentemente mindelense, desde a letra, passando pelos arranjos e chegando à interpretação vocal. Para mim, isto é sinal que estamos aos poucos a diminuir os espaços preenchidos pelas rixas, querelas ou quezilas, que não nos levam a parte alguma, e a substitui-los por comunhão, criatividade e trabalho.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mix Cultura

Quando o Kizó resolveu metralhar o festival baía das gatas no seu cvmultimerdia.blogspot.com, entre mortos e feridos, o Grupo santantonense Mix Cultura saiu ileso. Na sequência deste artigo letal, Paulino Dias também teceu no seu algumas considerações sobre o jovem Titita, um dos integrantes da banda.

Isto fez-me recuar a Julho de 2003, altura em que estive em Ribeira Grande numa missão de serviço. Tive nessa ocasião a oportunidade de conhecer alguns elementos da banda, mais concretamente, o Titita que me surpreendeu pelo interesse pelas músicas do Orlando Pantera a ponto de não me dar sossego enquanto não lhe passasse a letra da música Lapido na Bó. Não tive a oportunidade de saber se o Titita chegou a aprender a cantar a complicada letra daquela música, ao som do seu virtuoso toque de cavaquinho, mas a julgar pela sua perseverança e talento, acredito que te-lo-á conseguido.

Só ouvi ainda uma musica daquele álbum (vi, por acaso, a capa no Quintal da Música) e notei naquela faixa algum espírito inovador e de criatividade daqueles rapazes que penso terem sido dos poucos que se deleitaram com a passagem triunfal do Orlando Pantera pelo Festival Sete Sois Sete Luas.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Mercado do Sexo: A Fome Junta-se à Vontade de Comer

A Fome - Moça novinha (14….15….16…), roliça, com tudo em cima, cuja mãe não tem exemplo para lhe dar e nem moral para impor-lhe limites e cujo pai não se sabe ao certo quem é. A embalagem do seu produto é curta e transparente.


A Vontade de Comer – Homem de meia ou mais idade (55, 56, 57,…69….), reformado, cujas responsabilidades são “apenas” mandar a mesada para os filhos que estão a estudar fora e pagar a casa ao banco.

Oferece os seguintes condições:

1. Paga a renda do apartamento;

2. Financia a formação com várias possibilidades de escolhas (ISE, Piaget, UniCV, ISECMAR, etc);

3. Não dá mais do que uma ou duas por semana;

4. Banca fins de semana fora da cidade ou fora da ilha, a gosta da freguesa.


Como costuma dizer o Heavy H, ki tal?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Novo CD do Tcheka: Gostei, e Pronto!

As pessoas que me conhecem, certamente, estariam à espera que, uma hora ou outra, eu falasse do Novo Álbum do Tchekops. Ora bem, aí está.

Pensei em ouvir o novo álbum do Tcheka através de um processo de meditação. Após tê-lo feito dessa forma, posso dizer que gostei, e pronto!

Este CD, como se costuma dizer no bom criolo santiaguense, “Da-m ku stangu”.

Ouvi o Lonji sem pensar.

Sem pensar que se tratava do terceiro álbum do meu amigo kadjeta. Sem comparar este ao Argui e ao Nu Monda. Sem pensar que lá há uma composição minha (passe a publicidade).

Ouvi o Lonji sem pensar.

Sem pensar se o Tcheka é ou não é da geração Pantera; sem julgar Lenine e seus convidados; sem remoer-me com o alegado marionetismo da Harmonia.

Simplesmente ouvi o CD, sem pensar

Sem pensar que o Oboé ou a Trompete estavam a mais e o baixo a menos. Sem pensar em ouvir o que lá deveria estar e não está.

Limitei-me a ouvir o Lonji.

Sem pensar nas análises cirúrgicas acerca deste álbum feitas pelo Djinho e pelo Kizó . Sem a preocupação de ser a favor desta ou daquela opinião acerca deste trabalho.

O que posso dizer é que, no final da meditação, gostei do que me entrou pelos ouvidos, só a sentir, sem pensar em nada.

Gostei, e Pronto!

sábado, 3 de novembro de 2007

CONTRASTE

O Verde e o Ferro Velho


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

ORLANDO PANTERA

Se estivesse vivo, teria completado ontem a bonita idade de 40 anos.

Pois é, nasceu no Dia de Todos os Santos e morreu com a idade de Cristo, numa Quinta Feira, que era o seu dia no Quintal da Música. Coisas curiosas ligadas a este artista super especial.

O DESABAFO DO KIZÓ

O desabafo de Kizó sobre o Novo trabalho do Tcheka e a trajectória desse artista é muito interessante porque é muito mais abrangente e mais profundo. É muito mais do que uma crítica sobre o trabalho do Tcheka e sua carreira musical.

Penso que o pano de fundo da indignação e da angústia desse virtuoso baixista tem a ver com uma coisa que tenho constatado na nossa realidade e que não se refere só à música. Há dias, num encontro organizado pelo Ministério da Agricultura e a ONG americana ACDI VOCA sobre a valorização de hortaliças no nosso país, uma agricultora desabafou: “nós (agricultores) nu ta xinti ma nós ê ka ninguém”. Ela deixou claro que eles não se sentem valorizados e respeitados.

Pois bem, penso que isto também se aplica à música, isto é, a tendência nossa é para valorizar mais o produto musical do que os artistas que o concebem, sobretudo os que estão no plano da execução (ou acompanhamento, como queiram).


Vou contar-vos uma situação vivida na primeira pessoa para ilustrar um pouco o que quero dizer. Certa vez, fui convidado a integrar uma banda improvisada para animar um evento. Chegando ao local, ao avistar alguns amigos que faziam parte do convívio, não pude deixar de trocar dois dedos de conversa com eles. Eis que uns dos organizadores do evento, ao saber que nós (eu e os restantes integrantes da banda) estávamos lá na qualidade de banda musical, foi taxativo: “Vocês não devem se misturar a nós. O vosso lugar é ali. Vão para lá e aguardem o momento de actuar.”
Nós só ficámos por insistência dos amigos que por lá encontrámos e da pessoa que nos convidou, que, com o intuito de mudar a nossa imagem perante os restantes convidados e o responsável pela cena desagradável, achou por bem dizer aos presentes que todos nós do grupo éramos licenciados!

Tudo isto para reiterar que o que Kizó fez não foi mais do que abrir os nossos olhos para a falta de respeito para com os nossos músicos, de uma forma geral. Não é, mais uma vez, só oTcheka que está em causa e nem só o seu álbum e sua trajectória. É todo o processo em volta da produção musical (CD, DVDs, espectáculos, etc) e a corrida desenfreada por dividendos que dela resultam, com consequências nefastas para a qualidade.

É pena que a nossa visão crítica muito curta e circunstancial nos atraiçoa e leva-nos a pensar que pessoas como o Kizó ou o Paulino Vieira são rebeldes sem causa, têm um dor de cotovelo, etc, etc. É pena...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A MODÉSTIA

É recorrente em ateliers, workshops, conferências ou seminários (coisas que nós adoramos, diga-se de passagem), ouvir alguém pedir a palavra para dar a sua modesta contribuição ao debate.

Por vezes, fica difícil discernir se este expediente é para amortecer a crítica ou é hipocritamente utilizado para disfarçar a arrogância.

Enfim, expressões como modesta contribuição ou modesta participação me incomodam, pois penso que não é necessário qualificar estes actos. Bastaria só dizer: “Quero dar a minha contribuição”. Assim, chatos como eu não teriam queimar neurónios tentando entender a razão da auto-qualificação de actos, per se, cheios de significado e de atributos.

A MÚSICA E A POLÍTICA: Análise Descontra

rA música dos Políticos


No Parlamento, a bancada da situação aponta o dedo à da oposição e esta devolve na mesma moeda. É sempre a mesma música.

A Política dos Músicos

Cada um por si e o Estado por todos.

Os Músicos e a Política

Muitos deles não gostam. Outros há que se preocupam com aspectos da política cultural desenvolvidos pelos governos local e central. No entanto, na maior parte das vezes, os olhos estão postos na percentagem do orçamento do Estado que vai para a Cultura, p’ra ver se desencalha do 1%.

Os Políticos e a Música

CD de Cesária Évora, ladeando o grogue, na bagagem para oferecer aos homólogos nas missões internacionais. Tota Lopi e Xibioti, antes e depois dos discursos nos comícios.


Os políticos na música

Há muitos que despem o casaco e se desembaraçam da gravata para agarrar o violão e soltar a voz (isto vale tanto para a situação quanto para a oposição). Alguns até levam-nos a questionar: será que não se saem melhor a cantar do que a fazer discursos?

Os músicos na política

Nunca acaba bem! Muitos dançam conforme e música, ou melhor, cantam conforme a dança, de lá para cá e de cá para acolá. Resultado final: a qualidade fica comprometida.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

ESTAS SÃO BOAS.

Não resisto a postar duas piadas (ou anedotas, como queiram...) que vi e adaptei do site quatrocantos. Divirtam-se.


“Voto fantasma”

“Essa aconteceu num desses currais eleitorais. Com ou sem urna electrónica, dizem que essas coisas sempre ocorreram e vão continuar a ocorrer. Como os eleitos são os mesmos de sempre, os mortos continuam a votar e nada acontece. A não ser a frustração dessa triste viúva.
No dia seguinte à eleição, a mulher foi ao cemitério. Chegando ao túmulo do falecido marido, ela falou muito irritada:
- Seu desgraçado, insensível, miserável. Você não tem mais a menor atenção comigo. Ontem você foi votar lá na cidade e não teve sequer a consideração de me procurar.”

“Reunião no FMI”

“O Ministro da Economia chega em Washington para uma reunião com o FMI. Chove bastante. Para não molhar a bainha da calça do custoso terno Armani, o ministro arregaça as calças antes de atravessar a rua em frente à sede do FMI. Já do outro lado da rua, um de seus fiéis assessores lhe fala:
— Ministro, não se esqueça de abaixar as calças.
— Certo — responde o ministro. — Mas primeiro vamos tentar um acordo”

CHEGUEI!!!!

Depois de tanto penar para poder entender como estruturar condignamente um blog, eis que resolvi juntar-me a esta malta que recorre a esta forma de comunicação para expressar as suas ideias, sentimentos, paixões, frustrações, indignações. Não prometo discorrer enfurecidamente sobre as mancadas e furadas da Electra, da Telecom, do Governo; nem tão-pouco postar a frustração pela apatia da nossa Sociedade Ci(r)vil (afinal, também tenho sido um apático...).

Quero simplesmente abordar temáticas que têm a ver com a nossa cultura e a forma como a nossa sociedade a percebe. Evidentemente, por estar mais ligado à musica, há uma tendência natural para debruçar-me com particular interesse sobre este tema. Outros temas hão de vir pelo caminho (assim espero eu...).


Ah... é verdade. Gostaria também de dizer, para vosso alívio, que ninguém será constrangido a ir ao dicionário (porque eu não vou....) procurar aquelas palavras complicadas da nossa querida língua portuguesa, pois elegi uma linguagem simples para passar a minha mensagem.

N-ta spera ma nhos ta kurti (ah... esqueci-me de avisar .... ainda não conheço o ALUPEC....)