sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Curiosidades Etimológicas

Esbarrei na página repleta de curiosidades etimológicas mantida pelo Prof Cláudio Moreno (brasileiro), e não resisto a partilhar convosco algumas que achei particularmente interessantes:

Palavra “Trabalho” (esta deve interessar especialmente à Mnininha d’Soncent) – Conheçam aqui a origem muito curiosa desta palavra.

A origem do termo “Testemunha” – vale a pena conferir, até porque o texto do Prof Carlos Moreno tem uma boa dose de humor. Leiam aqui.

Palavra “Canguru” – esta é muito interessante, pois trata-se de uma falsa etimologia. Confiram aqui

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Já começou!

Já começou! A partir de agora, o pessoal da comunicação social e o dos tribunais, aqueles mais precavidos, já devem estar a preparar-se para a maratona que já bate às portas: já os vejo a levantar ao nascer do sol para aquele indispensável cooper.

Para os profissionais dos Mass Media é o corre corre atrás das paradas e respostas via Conferência de Imprensa protagonizadas pelos partidos políticos nos 22 cantos do país: num dia é a oposição a apresentar as estatísticas de distribuição de cimento, “verguinha” ou terreno; noutro são os responsáveis camarários ou os dirigentes locais do partido da situação a desvalorizar as críticas e a desfilar o rol interminável de realizações.

Já os profissionais dos Tribunais vão se ver a braços (é bom que estejam bem fortes e musculados) com as ilustres impugnações, sem falar ainda nas já habituais queixas-crime por injúria, calúnia e/ou difamação. Convém lembrar que desta feita há um prato cheio, e a ponto de transbordar, que é o processo de recenseamento geral.

Haja pernas e braços!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Djarfogu

Gostei de ter voltado a por os pés na ilha do Fogo. No entanto, a primeira impressão que tive ao chegar é que a ilha clama por um Aeroporto com mais dignidade e que é preciso ir para além de acções paliativas de remendar aqui e ali.

Mudando de assunto, desta vez pude conhecer zonas onde nunca tinha estado – Lomba, Ponta Verde, Curral Grande e São Lourenço, etc, e pude também finalmente conhecer o Concelho dos Mosteiros, onde, à semelhança de muitas partes do país, as forças partidárias já começaram as suas movimentações.

Em São Filipe, tive a ocasião de reencontrar o Michel, um artista nato da ilha com um futuro promissor. Dos lugares que entraram na música Bila, só a "Maria Amélia" é que não resistiu, Caleron e Tropical continuam firmes e fortes. Além deles, pude explorar um pouco mais outros points, mas de Santa Filomena.

Em Chã das Caldeiras, passagem obrigatória, dei uma passada no Bar do Sr Ramiro para tocar violão e otras cositas más (se é que vocês me entendem).

Enfim, passei a conhecer um pouco melhor a ilha dos meus pais, embora o carácter intensivo da missão não tenha permitido explorar devidamente todo o bom do Djarfogu.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Os “Fora-da-Lei” “Bregas” da Capital

Vivem em casas (ou quartos-casa) feitas da noite para o dia, em terrenos ocupados ilegalmente; têm luz eléctrica sem nunca terem os postos os pés nas instalações da Electra; muitos desenvolvem actividades económicas informais em locais não permitidos, desafiando muitas vezes as autoridades; alguns chegam também a participar em actividades ilícitas como a venda de estupefacientes.

Ao que tudo indica, estes fora-da-lei das zonas cinzentas da Praia não são nada mais do que os filhos indesejáveis do Estado. Por um lado, foram gerados pelo fracasso das medidas paliativas que as autoridades públicas centrais e locais tem desenvolvido ao longo dos anos para as situações de emergência em decorrência de maus anos agrícolas, particularmente, os trabalhos públicos desenquadrados de estratégias coerentes de redução estrutural da pobreza. Por outro lado, são fruto de um modelo de descentralização baseado na transferência de competências, mas não acompanhada de uma de recursos condizente.

E agora o papai Estado mostra-lhes (ou é obrigado a mostrar-lhes) a sua cara feia: o Piquete.

Bem, quanto aos “fora-da-lei” Chics, prefiro não tecer comentários...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Música Minha no Djaroz: "Nos Saboris"

E após a recuperação da turbilhonite aguda, nada melhor do que música para descontrair. Cumprindo parte da promessa feita aos meus amigos, especialmente o Nhonhas e o Djassy, e para agrado da minha irmã Matilde, aproveito para deixar-vos uma música minha, Nos Saboris, na qual retrato a diversidade dos nossos comes e bebes, pois neles repousa muito da nossa caboverdianidade.

Não me importei de colocar sem qualquer modificação a gravação feita há dias na casa do meu amigo Francisco Heleno, a quem agradeço pelo registo sonoro. Espero que saboreiem esta música, que aqui deixo a todos os que passam pelo Djaroz. Naturalmente, a música vai ficar na lista das Minhas Músicas aqui do lado.

NOS SABORIS (para ouvir, clique aqui)


Ah, ti farta-m kel katxupa

preparadu mó ta manda tradison

ah, ti fuska-m kel grogu

kana kana ki ta bem la di Santanton

ah, ti txiga-m kel djagasida

ku um kudjer di mantega terra,

oh terra, ki n-kre txeu

ki n-t’ama txeu,

txeu di más

kel dosi koku ki nu ta kustuma txoma di asukrinha

kel dosi papaia ku keju ki ta tra-m agu na boka

di palmanhan ó ki n-labanta nha leti ta pidi kamoka

diretamenti di Sonsenti um suavi y dosi bolaxinha

ah, ti sta-m bom, sopa rolon

ku kel gostu spesial di kabesa pexi

ah, ta mata-n atxa totoku

ku kabesa kambadu dentu kaldu pexi

ah, ti n-doga-m, dosi di azedinha

ku um pontinha di kanela,

ah, panela ku kel txeru

di kabidela, oh kabidela

kel dosi koku ki nu ta kustuma txoma di asukrinha

kel dosi papaia ku keju ki ta tra-m agu na boka

di palmanhan ó ki n-labanta nha leti ta pidi kamoka

diretamenti di Sonsenti um suavi y dosi bolaxinha

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Temas Melindrosos ou Sensíveis

Ainda sofrendo de turbilhonite aguda, veio-me à tola este post essencialmente voltado para os comentários. Fui tirar nacos à ideia original de Perguntas cafeanas do João Branco e dos Polls que ele e outros costumam realizar aqui na CVBlogosfera.

A pergunta é : qual é o tema mais melindroso e/ou sensível abordado na blogosfera nacional:

a) O problema de identidade: somos mais europeus do que africanos ou vice-versa? Ou esta distinção é disparatada?

b) A destrinça Badius e Sampadjudus: continua a fazer sentido hoje em dia ou é coisa do passado?

c) A política (os partidos políticos; o governo; o parlamento; a justiça e as câmaras municipais). O "grande salto" é mérito de quem, afinal?

d) 5 de Julho ou 13 de Janeiro? Faz sentido comparar estas datas?

e) Amílcar Cabral: ele continua a ser importante?

f) Para nós, o caboverdiano (vulgo kriolu) é mais importante do que a língua portuguesa?

Digam da vossa justiça.

Frase

"(...) Um Cabo Verde outro e melhor existiria se uma parte significativa dos habitantes de cada ilha pudesse conhecer suficientemente os lugares e as gentes das restantes. Éramos mais cultos, mais cabo-verdianos e mais patriotas. Era o particular e o todo numa só pessoa". (Kaká Barboza)

in: (Son di Virason)

(foto: luzkarbarboza.blogspot.com)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Mas Afinal, Quem é "Badio"?

Porque é preciso de quando em vez turbilhonar, aproveito a onda gerada à volta do Badio, a começar pelo Badyo de Mário Lúcio, passando pelo Post sobre o Badiu di Fora da Margarida e a fechar com o texto do Pedro Moreira, no qual ele escancara o que lhe vai na mente sobre a relação entre Badius e Sampadjudus, para colocar algumas questões para uma reflexão blogosferiana.

Antes de mais, gostaria de deixar claro que, embora natural de Angola (por isso alguns desagradavelmente apelidam-me de Txitxarinhu), me sinto um cabo-verdiano da ilha de Santiago, mais concretamente da Cidade da Praia, onde está toda a minha vivência, sem abrir mão, no entanto, dos valores passados pelas minhas gentes da ilha do Fogo. Além disso, faço de tudo para me sentir em casa em qualquer das nossas ilhas. É por essas e outras que prefiro não me identificar nem como badio nem como sampadjudo. Mas as pessoas tem-me feito experimentar os dois lados da moeda: no interior de Santiago, e por vezes também na Praia, sou sampadjudo; em São Vicente e Santo Antão, as pessoas, ao me ouvirem falar aquela mistura das variantes de Fogo e de Santiago que dificilmente conseguem discernir, taxam-me de badio. O mais curioso ainda é que, na ilha do Fogo, as pessoas tratam-me por “Rapás di Praia”. E isto não me incomoda, desde que a motivação não seja depreciativa.

À primeira, parece que o conceito de Badio é um dado adquirido, tanto é que o Pedro Moreira, por estar tão certo do que ele fala, nem se dá ao trabalho de explicar a que badio ele se refere : se é o badiu di fora “da” Margarida ou se é outro. Posso estar enganado, mas decerto que não se trata do do Mário Lúcio, que é uma versão mais histórico-filosófica do que outra coisa, bem longe da reprodução de vivências do quotidiano que reflecte o Texto do Pedro Moreira.

No entanto, gostaria de colocar algumas questões:

a) Antes de mais, ser badio é pertencer a alguma ilha de Sotavento e expressar-se em alguma variante sotaventista da Língua Caboverdiana? Quando as pessoas de Barlavento identificam-me como badio, fazem-no porque para eles tanto faz ser do Fogo ou de Santiago?

b) Se não, ser badio seria então simplesmente ser um natural da Ilha de Santiago, mesmo que os pais ( ou algum dos dois) sejam de outra ilha? Ou então, se não for natural, pelo menos ter feito toda a sua formação pessoal e social nessa ilha?

c) Ou ser badio será simplesmente uma questão de atitude, caracterizada por uma assumpção da variante do crioulo e um bater a mão no peito dizendo “ami ê badio”, independentemente do tempo que se tenha estado na ilha de Santiago ou da naturalidade dos pais? Ou para além disso, era ainda preciso haver um reconhecimento da legitimidade por parte dos que se consideram badios, para se adquirir esse estatuto?

Como se vê, há muitas questões à volta desse conceito. Esclarecê-las talvez fosse um importante diapasão para a torre de babel que parece ser a noção de Badio.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Ribeira Grande: Na Minha Bagagem


Nas narinas
, o cheiro de ainda cana no copo.

Na boca, o gosto do coentro no Nic Nec, e que também esverdeia a sopa do "5 de Julho"

Nos ouvidos, ó ou é em vez do á na variante local do Caboverdiano; ou então a negação, de tão fechada que chega a confundir muitos de nós sulistas

Na pele, o friozinho húmido e silencioso das zonas altas.

Nos olhos, o verde dos pinheiros e eucaliptos