Fiquei deveras admirado ao ver o empenhado levantamento dos instrumentistas (ou “tocadores”, como queiram) feito pelo Manuel de Jesus Tavares no seu “Aspectos Evolutivos da Música Cabo-Verdiana”. Isso fez-me lembrar também da iniciativa interessante do Djinho Barbosa de elencar os músicos da ilha de Santiago no seu oportuno blog Son di Santiagu. Ideias dessa natureza deveriam ganhar maior abrangência e um carácter institucional.
Talvez fosse interessante o departamento governamental responsável pela Cultura pensar na possibilidade de constituir um banco de dados dos artistas residentes (músicos, pintores, escultores, actores, etc, etc), alimentado com dados pessoais, morada, contactos e curriculum artístico. Não sei se já houve tentativas desse género e quais os seus resultados, mas acredito que seja materializável. Os grandes desafios para a sua criação seriam: a) canalizar recursos orçamentais para a campanha de informação sobre a iniciativa e a sensibilização dos artistas para aderirem, assim como recursos para a montagem e gestão da base de dados b) definir critérios justos e transparentes para selecção dos artistas que devem ser incluídos na base de dados (não seria certamente chegar lá e bater na porta para logo ver-se admitido). Naturalmente que todas as propostas deveriam ser objecto de um debate participativo para garantir a sua legitimidade.
Penso que a base seria útil pelos seguintes motivos: por um lado, facilitaria a acesso aos artistas por parte de promotores de espectáculos, de donos de estabelecimentos de entretenimento, de entidades governamentais e de órgãos da comunicação social. Por outro, contribuiria para um maior intercâmbio entre os artistas, pois seria só ir à instituição que gere a base de dados ter as referências do artistas que se quer contactar, e pronto. Como seria interessante poder ter uma lista mensal dos artistas aniversariantes para que alguns não fiquem despercebidos e possam ser estimulados a participar em programas radiofónicos, televisivos ou então dar entrevistas para jornais!
Provavelmente, alguém questionará se essa iniciativa não deveria partir da Sociedade Civil. Ora, se fosse possível, seria muito mais interessante ainda. No entanto, devemos lembrar que o espírito associativo dos nossos artistas é travado por clivagens de vária ordem. Antes de mais, a própria diversidade de manifestações artísticas funciona como um entrave intra e inter-grupos. Para além disso, o regionalismo ( como, por exemplo, barlavento/sotavento ou meio urbano/ meio rural); as opções político-partidárias; o conflito de gerações e as diferenças sócio-económicas fazem com que os artistas estejam mais propensos à divisão do que à união.
Voltando à base, eu diria que poderia funcionar na lógica de uma maior motivação dos nossos artistas, para rompermos definitivamente com aquele sentimento de que, em termos de cultura, tendemos a valorizar muito mais o produto da criação do que o criador.
1 comentário:
Oi Djoy, bu ideia e fantastiku. Parsen ma Direson di Promosson Kultural dja tinha kumesadu ta fazi algun kusa semelhanti, ma nka odja resultadu ti inda. Ago kes kusa la e pa fazedu dretu pa sirbi algen na futuru, inton fazel moda un prujetu, pensadu i aprovadu di maneras a sirbi di montis manera. Alen di kes ki dja bu fla ta parsen ma e um manera di kumesa ta fazedu jeston linpu di opurtunidadis pa tudu kriador i tb na kumpanha obras ki kada un ta ba ta produzi. Ma dja bu odja sima kusas sta na stadu gosi tudu ke informatika ta dependi di nosi inton es ta fazel so o kes ten tempu i financiamentu...ma kela e otu boka.
bali!!!
Enviar um comentário