sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"All Excluded"

Sempre que o assunto é inclusão ou exclusão, seja ela económica, política, social ou cultural, recordo-me da fantasiosa versão da origem do Forró - denominação do género musical originário da região Norte-Nordeste do Brasil cujo ritmo frenético constitui a característica mais marcante - segundo a qual esse termo deriva do inglês “For All” (para todos), que era o nome dado a bailes realizados por soldados americanos baseados na Cidade de Natal (Estado do Rio Grande do Norte), na época da IIª Guerra Mundial. Conta-se que, apesar do nome “For All”, aqueles bailes eram interditos aos locais, pelo que estes, em contrapartida, resolvem fazer também o seu Forró.

Baluka Brazão, no seu post sobre o Turismo Barato na Ilha do Sal, fez uma breve análise do impacto negativo da modalidade “All Included”, praticada por estabelecimentos turísticos da ilha, na vida das comunidades locais. O caso do Sal aplica-se também ao da Boa Vista, onde cada vez mais as populações locais parecem estar excluídas dos “ganhos” do nosso modelo de desenvolvimento turístico. Há dias, a correspondente local do interessante programa “Pulsar Informativo” da RCV disse que há alguma frustração por parte dos locais que pensavam que a abertura do Aeroporto Internacional iria dinamizar a vida micro-económica da ilha, mas que, afinal de contas, muito por culpa do All Included, não tem sido assim. Por um lado, enquanto consumidores, além de se verem a braços com um custo de vida cada vez mais elevado, às vezes, os locais nem sequer chegam a ter acesso a determinados produtos, como é o caso dos peixes que costumam faltar porque o que existe (capturado ou desembarcado) é quase que totalmente direccionado para os hotéis. Por outro lado, enquanto produtores de bens e prestadores de serviços, os mesmos têm cada vez menos oportunidades de gerar rendimentos porque já está tudo incluído.

A continuar assim, só restará a essas populações esperar que os nem sempre evidentes ganhos a nível macro do turismo sol-e-praia sejam distribuídos de forma equitativa pelo Estado e que não sirvam para reforçar as desigualdades e disparidades locais e regionais.

2 comentários:

Zemas disse...

caro djoy, tudo isto ja é de se esperar pa, o que é que se espera de uma país, que coloca o turismo como o prioritário para o desenvolvimento do pais, esse mesmo país e o seu governo não tem um ministerio para pensar e melhor programar essa actividade. A min nada disso me surprende, esses nossos gajos andam a brincar.temos varios exmplos de paises, como a Malta, que sofrerem com esse tipo de truismo de massa, mas os nossos (des)governantes não querem saber.
tão todos bem gordinhos isso é que intressa, o resto não tem pressa

Anónimo disse...

Mas oh Zemas é que bem podias ser um turista interno...ó nóu?
Que ministério para o turismo e para quê!!. Os planos estão ali e as definições políticas todas, também.
O que acho é que neste país há certos Directores e técnicos formados na área ... KALU...
Lêem e não criam nada.
Vejo alguns na televisão e quando dão a cara mal sabem despachar as palavras certas para se vislumbrar o que querem explicar.
Por começarem a falar logo portantos, digamos, prontos, quer dizer e outros tiks feios, vê-se quem é o tal gordão. Não vem à praça discutir conosco, fofokeiam nos cafés e outros lugares de lazer inter-colegas de turma.
1blogabraço kb
Eu sou declaradamente turista interno, turista especial.. estou nos Picos, Assomada, Orgãos, São Domingos, Cidade Velha, Rui Vaz, Pedra Badejo, Calheta... sou bem visto, gasto com a malta amiga, compro jornais dou para ler, enfim
um turista louco em loucuras do género. Muitos não sabem que côr tem o chão de Safendi y Txada Mato.