terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Praia: da Pluriculturalidade à multi/interculturalidade

Sinto saudades assim que ponho os pés fora da Praia, mesmo que seja ao interior da Ilha de Santiago. Parafraseando Tony Lima (Kaoguiamo), Praia krê ê ka limpu (para os mais maldosos: limpo, mas no sentido ligado à bruxaria) . Mas do que é que tenho eu saudades para além, como é óbvio, dos meus mais próximos?

César Schofield, ao comentar para o telejornal da TCV a sua mais recente exposição, mencionou que, apesar do carácter feio da estrutura física da cidade, esta é no entanto bonita do ponto de vista da diversidade cultural, havendo gentes e comunidades oriundas de diversas paragens, nacionais e internacionais. É disto que sinto saudades: a pluralidade cultural da Praia, onde estão comunidades de todas as outras da ilhas e do interior da ilha de Santiago; dos africanos continentais e/ou lusófonos; dos latino-americanos; dos asiáticos; dos europeus…

Devo, no entanto, admitir que, independentemente de ter os pés dentro ou fora da Capital, sinto mais saudades ainda de uma Praia multi/intercultural. É que apesar da diversidade cultural, não parece haver uma interacção ou interpenetração dessa plêiade de culturas e de especificidades locais e regionais. Muitas não se conhecem ou não se reconhecem.

Eu imagino uma Praia onde cada mês é dedicado a actividades relacionadas a uma dessas comunidades (por exemplo, mês da ilha do Maio, da ilha de Santiago, da comunidade asiática ou oeste-africana ,etc, etc), período ao longo do qual as autoridades centrais ou locais, por um lado, promovem actividades que retratam as gentes dessas comunidades e suas especifidades culturais e, por um outro, estimulam o sector privado a fazer o mesmo: restaurantes a realizarem noites culturais dedicadas à comunidade do mês com pratos típicos e música local; rádios privadas a difundirem programas respeitantes à comunidade do mês, etc.

A meu ver, isto iria certamente diminuir as tensões sociais e o sentimento de exclusão sócio-cultural que possam existir e redinamizar (ou “revolucionar” até) a vida sócio-cultural da cidade.

1 comentário:

Benvindo Chantre Neves disse...

Muito bem visto, Djoy! Essa ideia de organizar um mês de cada ilha é genial. Muitas vezes já pensei: com tanta gente nesta cidade vinda de todas as ilhas, como seria interessante haver intercâmbios onde se podia expor costumes, tradições, obras específicas de cada ilha? Fazem-se semanas de Cabo Verde em Paris, em Luxemburgo... então que tal tivéssemos uma semana de cada ilha aqui na Praia? Os efeitos positivos seriam imensos, creio.
Penso que todos juntos poderíamos levar esta ideia adiante.
Pra já, prometo escrever um post sobre isto no meu Sinta10. Vou imaginar uma semana de Santo Antão na Praia, que tal?
Um abraço